top of page
Buscar
Foto do escritorHelena Magalhães

O AMOR É OUTRA COISA #46 Maturidade emocional: o que poucos homens têm


Deixem-me que vos diga uma coisa. É preciso ter uns cojones enormes para uma mulher se abrir a um homem, para dar o primeiro passo. E eu passo a vida a dizer para o fazerem – vão em frente, digam o que querem, o que sentem, o que gostam, o que não suportam, o que preferem… não calem. Porque se há alguém que precisa de maturidade para fazer avançar uma relação, tem de ser sempre a mulher.


Os homens e o seu QI igual ao de uma criança de 10 anos

Há uns meses, escrevi: porque temos tanto medo da rejeição? Porque, na verdade, só há duas possíveis respostas: sim ou não. E podemos perder um grande sim com medo de ouvir um miserável não. Mas, também há o outro lado da moeda. Podemos ter o azar de estar a lidar com idiotas emocionalmente retardados ou com um QI igual ao de uma criança de 10 anos que acham que uma mulher independente é coisa de Marte. E aí, bem, aí não há grande coisa que possamos fazer a não ser dar-lhes um chuto no rabo.

Se há uma coisa da qual me posso orgulhar, é de ter os cinco bem medidos. Depois de todas as vezes em que já me partiram o coração, poderia estar completamente lixada. Mas (ainda) não. Sou uma mulher coerente e, para sorte de um bom par de idiotas, com alguma consciência. Mesmo quando a vida me dá todos os sinais de que eu deveria abraçar a loucura a tempo inteiro. Vejam, a (ainda) namorada do idiota que a traiu comigo durante mais tempo que aquele que gosto de admitir – oh, esta relação já está morta, só imagino a minha vida contigo, blá blá blá – é, agora, colega de trabalho de uma das minhas amigas. A vida poderia ser mais irónica que isto? Se tivesse algum rasgo de loucura, era tão simples quanto ir ter com a minha amiga ao trabalho dela. 

Mas nem vontade para isso eu tenho. Porque acredito que tudo o que vivemos são lições. E estragar a vida de outra pessoa porque nos estragaram a nossa não vai alterar, em nada, a forma como nos sentimos.

Calma, esta história não é sobre o idiota #18. Era só para perceberem que a loucura não mora nesta casa, de forma a passar para o ponto seguinte.


Homens e maturidade emocional: dois conceitos que não ligam

Esta maturidade emocional é coisa que se adquire. Grande parte das mulheres tem e, para mal dos nossos pecados, praticamente todos os homens não sabe o que é. Há uns anos tive um caso com um tipo, nada de especial. Não era alguém que fosse mudar a minha vida e eu própria sabia disso. Foi só temporariamente divertido. Ele entretanto casou, descasou e no meio disto tudo voltou a falar comigo. Algures pelo caminho, a mulher, ex-mulher que não faço ideia se é mulher outra vez, meteu na cabeça que ele andava a sair comigo. E ele achou que tinha sido eu a contar-lhe ou poderia ter contado a alguma amiga que, por sua vez, tinha dito a ela. Quão ridículo é isto? Se ele me dissesse que eu poderia ter escrito no blog – aí sim, era plausível. Mas grande parte das coisas que escrevo não acontecem em tempo real, são adaptadas e romantizadas para terem piada. São crónicas já vividas, pensadas, ponderadas e fechadas. Só assim tenho a distância suficiente para as analisar e dar uma roupagem sarcástica.

Na altura que isto se passou, estava em Évora na casa de uma amiga, e estávamos pávidas e serenas a ler as mensagens dele. Porque raio este tipo acharia que eu teria vontade de partilhar com quem quer que seja que tinha voltado a falar com ele? Que interesse poderia eu ter nisso? Em última análise, teria era vergonha de contar que estava a brincar com cromos antigos da caderneta. Se ele me conhecesse minimamente – pelo (pouco) tempo que passámos juntos – jamais colocaria em questão que eu fosse perder tempo nestes esquemas. Porque, lá está, felizmente a loucura ainda não me bateu à porta (era aqui que queria chegar, veem? Tenho o meu registo criminal limpo). E na altura, embora ofendida q.b pelas suposições dele, ainda fiquei preocupada e tentei de alguma forma poder ajudar – dado que estava involuntariamente no meio da telenovela – e fui perguntando se as coisas já estavam mais calmas.

Simpatia não significa interesse, nem sexo, nem amor

Homens, simpatia não significa interesse. Simpatia não significa amor. Simpatia não significa sexo. Simpatia significa simplesmente simpatia. Empatia. Solidariedade. Preocupação. Boa vontade. Cooperação. Compreensão. 

Simpatia pode significar tudo menos interesse da parte da pessoa que vos está a dedicar este nobre sentimento.

Este tipo, entretanto, deixou de me responder mas eu nem sequer me apercebi dado o pouco tempo que passava a pensar nele ou no assunto da vida dele. Mas ontem ele passou por mim ao longe e, por simpatia – novamente a simpatia na equação – e porque gosto de falar com as pessoas, mandei-lhe mensagem a dizer que o tinha visto e a perguntar se estava tudo bem.

Mensagem lida no whatsapp. Zero resposta. Mas sempre online.

Os homens só atingem a maturidade aos 54 anos

E eu questiono-me se o problema é meu. Se fui simpática demais para com um tipo que, na verdade, nunca retribuiu da mesma forma – nem quando estávamos juntos. E que, ao fim e ao cabo, nunca me conheceu.

Dizem que os homens só atingem a maturidade aos 54 anos – o que é tremendamente assustador. Mas a verdade é que eles vivem agarrados a inseguranças juvenis. E, ao contrário de nós, não têm um relógio biológico que os conduz para a mentalidade adulta. Continuam a ser uns parvos pouco resolvidos e inseguros, a olhar para o umbigo deles e a medir, ao espelho da casa de banho, o tamanho do seu pénis. 

Não admira que quando apareça um homem que nos leva a jantar e nos abre a porta do carro, nós nos desatemos a rir e o chamemos de foleiro. Estamos habituadas a cérebros de 15 anos escondidos em corpos de 30.

Fotografia tirada por Faz de Conta Fotografia.

Comentarii


bottom of page