Há dois anos, não tive férias porque tinha acabado de me despedir para abraçar toda esta ideia de ser freelancer. E sem dinheiro, não há festa e o meu verão foi passado basicamente em casa, nas praias da linha e pouco mais. Também não tinha grande motivação para mais nada e estava em período de adaptação a todo o meu novo eu.
Este ano, voltei a não ter férias. Desta vez por motivos diferentes: estou a abraçar projecto novos que obrigaram a uma grande dose de compromisso. E por mais que me apetecesse sair daqui e viajar, percebi que se queria levar as coisas avante, tinha de ficar cá. Porque em férias, não ia conseguir fazer nada. Mesmo que levasse o computador e me obrigasse a trabalhar, não seria a mesma coisa. Porque é preciso concentração e dedicação. E também abdicar de algumas coisas. Eu abdiquei das férias.
Criei uma rotina em que trabalho todos dias, é verdade. Mas tirei manhãs para ir à praia e à piscina, fins de dia para jantar com amigas, um dia por semana dedicava-o simplesmente a passear – quase como um day off para restabelecer as energias. Fui a museus, a festivais, continuo a ler bastante e aproveitei o que Lisboa tem de tão bom em Agosto: o facto de estar vazia. É um bocado auto-mutilação – quando nos apetece sair com amigos mas obrigamo-nos a dizer que não. Mas acredito que, no fim, vai valer a pena.
Há um provérbio japonês que diz: treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam e, então, viva o que eles sonham.
Este blog também se ressentiu, é verdade, porque precisei de fazer uma pausa nos posts diários. Mas é por uma boa causa: tenho novas coisas a surgir em breve. E mal me aguento de excitação enquanto não vir tudo cá fora. Acho que a vida de freelancer é mesmo assim: não há fins-de-semana, não há datas para férias mas há uma grande dose de satisfação por acreditarmos que estamos no caminho certo.
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