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  • Foto do escritorHelena Magalhães

Porto às cores





Adoro viajar. Mas adoro mais ainda voltar a casa. Quando começo a sentir os cheiros do que é meu, a ver os edifícios que conheço de olhos fechados, a paisagem que me é familiar… nada consegue igualar este sentimento de voltarmos onde nos sentimos em casa. É basicamente isso que sinto sempre que chego de qualquer lado e volto a entrar no meu carro.

Mas o bom das viagens são as memórias que delas ficam: não os museus que vemos, as praias a que vamos, as compras que fazemos, mas a forma como nos sentimos em cada sítio. Estive no Porto nos últimos dias a trabalhar e mais do que palmilhar a Ribeira como se lá tivesse morado desde sempre, são as situações caricatas que acabam por acontecer que valem a pena. Ontem à noite, estive quase para ser assaltada por um tipo de casaco brilhante que ia a descer a rua e depois parou – a pensar se me havia de assaltar ou não – e caros ladrões, nestas coisas não se pode hesitar. Tem de se agir logo. Nos 5 segundos que ele parou a olhar para mim a hesitar, já eu estava a tocar à campainha do hostel que nem louca e de lá já vinha a correr o senhor para me abrir a porta.

Quando contei à minha mãe, ela questionou: tiveste medo? E não, na verdade não tive medo. Não tinha nada de valor que o tipo de casaco brilhante me pudesse ter levado sem dó nem piedade. Só se fosse o iPhone – que está mais para lá de avariado do que bom. Mas tive, acima de tudo, raiva por um idiota de cabelo seboso e um casaco feio ver uma rapariga sozinha e torná-la imediatamente um alvo fácil.

Fora isso, fiquei alojada num hostel onde, à noite, ficava um senhor a tomar conta. Numa das noites, em que já cheguei fora de horas, entrei e fui à cozinha. Pelo caminho, ficava um sofá com uma TV que estava ligada num canal pornográfico. Yey!! Quando voltei da cozinha, o senhor tinha estrategicamente mudado para a sic notícias enquanto me desejava boa noite de braços atrás das costas e um sorriso no rosto. Tive de me controlar para conseguir fazer uma cara de quem não tinha visto, há cinco minutos atrás, o canal porno ligado.

É isto que torna todas as viagens especiais: as histórias que delas ficam. Provavelmente, sempre que voltar ao Porto, nunca mais me vou esquecer do senhor do canal pornográfico – mais pelo hilariante da situação que outra coisa. 























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