Uma das coisas que tenho andado a estudar nos últimos meses é a forma de ter cuidados de pele mais naturais mas também num registo de vida… natural. Ou seja, sem grandes fundamentalismos que é algo que não gosto nada. E tal como escrevi no Observador (podem ler aqui), a cosmética está cheia de informações duvidosas que, com o crescimento dos mercados orgânicos, naturais e vegan, está a gerar muita confusão porque todos estes termos podem ser enganadores para uma pessoa comum que não presta grande atenção aos rótulos ou não está bem informada.
Muitas das marcas mais faladas no mundo estão cheias de químicos e ingredientes tóxicos escondidos atrás de termos pomposos e campanhas de publicidade bonitas. E isto não nos vai matar, é certo, mas pode levar a muitos problemas de saúde. Se se questionam porque razão, então, muitas marcas ainda usam tantos químicos, a resposta é simples: é mais barato, cria cores bonitas, cheiros apelativos e os químicos, por vezes, são necessários para preservar os produtos. Para uma pessoa menos atenta ou que não ligue tanto aos ingredientes, provavelmente nem se apercebe que muitos ingredientes nem sequer são listados porque as empresas pedem uma espécie de “trade secret” que permite a não divulgação de certos ingredientes.
Por outro lado, e devido à pressão por parte de várias organizações e até do próprio consumidor, cada vez mais marcas estão a procurar ter uma filosofia mais natural ainda que não se assumam 100% naturais.
A diferença entre natural e orgânico
A diferença é muito simples: um produto é natural quando tem ingredientes que são originários da natureza mas podem ser criadas versões sintéticas de ingredientes naturais, como a vitamina C ou E. E um produto é orgânico quando todos os ingredientes são da natureza e não sintéticos. É tudo uma questão de pureza mas tanto um produto como outro são ok.
Um bom exemplo de marcas que são orgânicos, conhecidas e apenas usam ingredientes naturais são a Weleda e a Caudalie. Neste artigo do The Telegraph podem ver uma lista com algumas marcas que podem levar o consumidor ao engano porque não são beeeeeem orgânicas como se assumem.
Mas porque o termo “natural” ainda não está regulado, é fácil colar esta palavra na embalagem mesmo que o produto não o seja. E aqui cabe a nós contornar esta área (ainda) cinzenta da cosmética lendo os rótulos, procurando pelos ingredientes e pelas suas percentagens. Há muitas marcas conhecidas que, não sendo totalmente naturais, usam percentagens elevadas de ingredientes naturais o que as torna mais “seguras” que outras para quem quer adoptar rotinas mais green. Por exemplo, as coleções Rosa e Argão da Cosmia têm 95% de ingredientes naturais pelo que são mesmo boas opções para quem quer começar a mudar a sua rotina. Têm a linha rosa que é de cabelo e a laranja que tem exfoliante e creme de corpo. Já a Vichy também está a entrar numa nova fase da marca em que se procura aproximar mais da natureza e criar fórmulas mais minimalistas. O novo Minéral 89 é um bom exemplo porque só tem onze ingredientes dos quais 89% da fórmula é água mineralizante vichy. Tudo o resto está lá para garantir a sua preservação.
Para quem está a começar neste mundo…
… eu sei que não é fácil sequer saber onde comprar ou como explorar um pouco mais este universo orgânico. Uma das coisas que descobri (e que tenho estado a adorar) foi a Bob & Boxy. É uma marca da Dinamarca criada por duas irmãs que queriam exactamente encontrar produtos orgânicos. Este projecto é uma espécie de beauty box que todos os meses recebemos no correio e que procura dar a conhecer marcas naturais, sem parabenos nem substâncias cancerígenas, inspirado no estilo de vida nórdico. Assim, é possível conhecer marcas de todos os cantos do mundo que, de outra forma, dificilmente chegariam até nós. Cada box vem com 5 produtos novos para conhecer cada mês, experimentar e, se gostarmos, então poder comprar mais. Além disso temos a garantia de que são seguros e livres de ingredientes perigosos que, sem nos apercebermos, vivem na nossa gaveta e casa de banho.
Algumas marcas conhecidas do nosso mercado são naturais
E se calhar pouca gente sabe. Entre as minhas favoritas destaco a Jurlique, Caudalie, Aveda e Clarins. A Caudalie e a Aveda são 100% orgânicas. Clarins e Jurlique não mas dão primazia aos ingredientes naturais e vegetais. A Jurlique tem ainda um certificado biodinâmico (respeita a harmonia da natureza na criação dos produtos). A Lush também não é 100% orgânica porque usa conservantes sintéticos (embora naturais) mas é vegan o que é bom sinal e, se não sabiam, a REN usa apenas ativos derivados de plantas e minerais e é uma marca livre de ingredientes sintéticos.
Depois há muitas marcas que, embora não assumam uma filosofia natural, já têm gamas com certificação orgânica o que é um pequeno passo para uma mudança a longo prazo. A The Body Shop, por exemplo, já criou a gama Nutriganics com produtos anti-idade com certificado orgânico e também o bálsamo multiuso Amazonion Saviour (que estou absolutamente viciada). Não é só para os lábios mas também para marcas na pele, tatuagens e tenho aplicado surpreendentemente no acne. Ou melhor, nas cicatrizes de acne de tanto escarafunchar a pele.
Espero que isto vos motive a adoptarem um rotina de pele mais natural. Noutro post, posso falar um pouco sobre maquilhagem. Porque não basta cuidar da pele de forma orgânica e depois usar produtos de maquilhagem tóxicos e cheios de químicos 🙂
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