Não. Não, mas sim. Todos compramos made-in-China. Roupas, sapatos, malas, esfregonas, candeeiros, secadores de cabelo… E mesmo sabendo que a qualidade não é a melhor, ou que foram feitos em condições desumanas, blá, blá, blá, a verdade é que não nos preocupamos com esses pormenores. Compramos e pronto. Porque é acessÃvel. Porque está perto de nós. E porque precisamos. Se perco tempo a verificar onde é que o casaco que comprei na Zara ou o alisador de cabelo que comprei na Worten foram feitos? Claro que não. E é exactamente onde quero chegar. Fazemos o mesmo com os homens. Enquanto os realmente bons são difÃceis de encontrar, vamo-nos contentando com aqueles que estão aqui. Não são propriamente boyfriend prospects mas mentalizamo-nos que podem ser. Há dois anos fui a um Speed Dating para escrever um artigo sobre isso. E no meio de 40 pessoas (20 mulheres, 20 homens), posso dizer que as mulheres que lá estavam eram bonitas, vestiam-se bem e tinham uma excelente aparência fÃsica. Conversei com meia dúzia delas e pareceram-me interessantes, com boas ideias e um diálogo apelativo. Mas os homens, porra. Só um deles é que era minimamente interessante à primeira vista. E mesmo nos cinco minutos que passei com cada um, não houve nem um que me tivesse suscitado vontade de o convidar para sair comigo dali para fora. Lisboa está cheia de mulheres bonitas. Mulheres inteligentes, interessantes e com vidas fascinantes. Então, onde estão os homens? E sou arrogante por achar que, nas relações amorosas, também devemos deixar o darwinismo falar? Porque é que me vou contentar com o tipo que me manda mensagens com erros ortográficos e Lol’s, ou o tipo com quem vou jantar e fica bêbado, ou o tipo que trai a namorada comigo? Eu acredito que há uma relação Paul Newman-Joanne Woodward para todos nós. E, para quem não saiba, o casamento mais duradouro de Hollywood. Há homens que (ainda) nos abrem a porta do carro. Há homens que nos querem conhecer antes de nos levar para a cama. Há homens que telefonam em vez de mandar mensagens. Há homens que nos fazem sentir as mulheres mais bonitas do mundo. Há homens que querem saber se estamos bem. E se não estamos, movem montanhas para isso. Há homens que apanham aviões para nos dar um beijo. Há homens que nos vão buscar à s cinco da manhã quando bebemos demais. Há homens que nos levam o pequeno-almoço à cama ao domingo de manhã. Há homens que nos compram flores. Há homens que nos escrevem cartas de amor. Eu acredito que ainda há homens assim. E estes não são made-in-China. Estes são difÃceis de encontrar, pagamos mais por eles, mas têm garantia de fabrico. Mas numa Lisboa cheia de imitações de qualidade duvidosa, onde é que estes estão?
Paul Newman e Joanne Woodward
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