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Foto do escritorHelena Magalhães

O AMOR É OUTRA COISA #23 Um jantar com 3 mulheres que se envolveram com o mesmo homem


Numa destas noites, fui jantar com 3 mulheres que mal se conheciam entre si mas tinham uma coisa em comum: envolveram-se com o mesmo tipo. Não ao mesmo tempo, obviamente. Isto parece muito ‘Sex & the City’, eu sei, mas (infelizmente) é absolutamente verdade. Sentámo-nos à volta de uma mesa no Lx Factory para discutir animadamente a única coisa que as três tinham em comum: um homem a quem chamaremos o Solteirão Pinga-Amor.

O Solteirão Pinga-Amor anda na casa dos 32 anos, é bonito, dá nas vistas, é charmoso, moreno, alto. Mas, digo-vos já de antemão, podia ter juntado outras mulheres mais ou menos nossas conhecidas que, vim a saber durante o jantar, também estiveram com ele. Provavelmente, acho que conseguiria juntar uma mesa de 10 mulheres – que número ridículo – para partilhar histórias do Solteirão Pinga-Amor. E durante todo o jantar estive curiosa para saber qual seria o seu trunfo. O que é que ele tem para conseguir criar uma teia de interesse que leva as mulheres a deixarem de ser racionais?

Mas vamos às histórias – todas com nomes fictícios.

1) O encontro numa festa com Sara Sara disse-me que conheceu o Solteirão Pinga-Amor numa festa, trocaram ideias, uma conversa de ocasião e nada mais. Dias depois, ele enviou-lhe uma mensagem no Facebook. Daí para as mensagens e para as conversas por telemóvel foi um passo. O Solteirão Pinga-Amor levou-a a jantar, foram sair, dizia-lhe que era a mulher mais fascinante que já tinha conhecido e, porque tinham tantas coisas em comum, ele achava que ela era a mulher da vida dele. As mensagens eram diárias, o ai que és maravilhosa e o preciso de te ver. E de repente desapareceu. Uma semana depois voltou. Tinha tido problemas familiares e estava mal. Ele tornava tudo tão intenso que Sara ficou envolvida naquela teia e, dias depois, convidou-o para jantar em casa dela. E do jantar foram para o sofá. E do sofá para a cama. E da cama para os beijos. E dos beijos para as mãos. E das mãos para o não vou continuar a descrever porque isto não é um blog erótico. É fácil imaginar o resto. No dia seguinte? O Solteirão Pinga-Amor desapareceu e nunca mais deu sinal de vida. Até hoje. Fascinante, não é?

2) O ‘quero casar contigo’ com Diana Diana, ao contrário de Sara, conheceu o Solteirão Pinga-Amor pelo Facebook. Começaram a trocar mensagens – sempre por iniciativa dele – e, a dada altura, já falavam sobre tudo e ele já sabia toda a vida dela e vice-versa. Isto durou uns meses até o Solteirão Pinga-Amor querer, de facto, combinar algo com Diana (nota: quando comparámos as datas percebemos que a sua “aventura” com Sara foi nos meses em que falava com Diana. Tão cliché!). Levou-a a jantar, foram ver um espectáculo ao ar livre à noite, passearam por Lisboa e, por mais absurdo que isto pareça, o Solteirão Pinga-Amor disse a Diana que se imaginava casado com ela. Ela era, pelas palavras dele, a mulher com quem se via a ter uma vida a dois. Nos dias seguintes, a troca de mensagens foi uma constante e o Solteirão Pinga-Amor passava de dias em que não dizia uma única palavra, porque estava a ter problemas pessoais, para dias em que dizia que não aguentava estar sem a ver e precisa meeeesmo do carinho dela. Voltaram a sair e, desta vez, foram para casa dela. E, claro está, podem imaginar o resto. De manhã, desapareceu sorrateiramente – ah ah ah! O pior! – e, adivinhem lá, não deu mais sinal de vida. Até hoje.

3) As mensagens sinistras com Luísa Luísa foi por um caminho diferente mas, nem por isso, curioso. Conheceu o Solteirão Pinga-Amor num café em que ele a abordou e lhe deu o número de telefone. Já aqui eu questiono-me se existem, de facto, homens que façam isto sem ser nas comédias de sábado à tarde. É que eu nunca fui abordada por um estranho na rua que se apaixonou à primeira vista e queria meeeeesmo conhecer-me melhor. Só os D.A.M.A (Luíííísa quero-te encontrar, o que é que eu faço agora?). E bêbados em discotecas – mas isso não conta para a estatística. De qualquer das formas, Luísa achou a situação tão encantadora que acabou por lhe enviar uma mensagem. E em três tempos já passavam horas a falar ao telefone e em trocas de mensagens intermináveis. Uma noite, Luísa estava num bar e recebeu uma mensagem do Solteirão Pinga-Amor a dizer que a estava a ver e que estava liiiiiiinda. Procurou por ele mas não o encontrou. Em sua defesa, ele disse que estava com vergonha de falar com ela (#loser). Dias depois, o mesmo voltou a acontecer noutro bar. Luísa – mais uma vez – insistiu para que se encontrassem, dado que estavam no mesmo sítio, e o Solteirão Pinga-Amor voltou a dar uma desculpa. A história aqui tem um final diferente porque Luísa achou que, afinal, o Solteirão Pinga-Amor era lunático, despachou-o e nunca mais lhe atendeu/respondeu a mensagens (sorte a dela). E a coisa acabou por morrer.

Conseguem identificar aqui um padrão? Se não, eu ajudo:

Ele cria uma teia em que a mulher fica a pensar que ele está, de facto, apaixonado porque não a larga nem por um minuto. São telefonemas diários, são mensagens, são elogios, é o ‘és a mulher da minha vida‘ e, feliz ou infelizmente, isto mexe com a cabeça das mulheres. Provavelmente também mexeria com a minha.

Os sinais estavam lá todos – o Solteirão Pinga Amor desaparecia, inventava desculpas, fazia o papel de vítima. Mas quando voltava – vinha com toda a pujança e intensidade. E, vá lá meninas, nenhum homem de jeito vos vai dizer que vocês são a mulher da vida dele no primeiro encontro.

Na verdade, o Solteirão Pinga-Amor é a personificação da coisa que mais queremos, e ao mesmo tempo não queremos, num homem. Por um lado está lá a toda a hora a lembrar-nos que somos especiais. Faz-nos sentir a mulher mais desejada à face da terra, é altamente compreensivo, quer saber tudo de nós e liga 10 vezes por dia. Porque o Solteirão Pinga-Amor está sempre a pensar em nós. Mas, por outro lado, nenhum homem decente faz isto. E, quando o fazem, nós já deveríamos saber que isto traz água no bico.

Sempre que se cruzarem com um Solteirão Pinga-Amor na vossa vida, estejam atentas aos sinais. Porque existem dois tipos de cabrões: aqueles que só nos querem para uma queca e aqueles que (dizem eles) se apaixonam instantaneamente. 

E o Solteirão Pinga-Amor é um dois-em-um.

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