Não fiquem com um homem que tenha um armário cheio de esqueletos fechado a sete chaves. Porque mais cedo ou mais tarde, eles ganham vida.
Esta era uma lição que eu gostava de ter aprendido há muito tempo. Ter-me-ia evitado anos de desilusões. Helen Fisher, antropóloga, diz que o amor romântico é um vício – um vício fantástico quando as coisas estão a ir bem e um vício destruidor quando tudo acaba mal. E o problema de todos os vícios é que, muitas vezes, tornam-se irracionais.
Eu não estava propriamente em mim quando achei que um idiota que traía a namorada comigo ia um dia perceber que eu era o amor da sua vida e largar tudo por mim. Apesar de não falarmos há mais de dois anos, acreditei, até há pouco tempo, que tinha sido uma bonita história de amor – intensa, estúpida e irracional como todas o são. Nunca lhe guardei rancor. Apenas achava que ele era atrasado mental. Mas sem rancor. Isto até ele ter tentado engatar uma mulher no Urban Beach uma noite destas. E trair novamente a meeeeeesma namorada. Isto meteu-me a pensar que, eventualmente, ele não a traía só comigo. E todas as promessas idiotas que me fez a mim, quem me diz que não as fez a outras tantas? A mulher que ele estava a tentar engatar era uma amiga minha. Quão fantástico é viver num país minúsculo? E esta conversa valeu-me umas boas gargalhadas uns dias mais tarde. Mas não deixei de sentir pena. Mais do que pena de mim – por ter acreditado nele – tive pena da namorada – por continuar a acreditar.
Estes esqueletos vão sempre viver no armário. Um idiota nunca, nunca, nunca larga a namorada para ficar connosco. NUNCA! Foi exactamente isto que disse a uma amiga ontem à tarde quando, meio em lágrimas, me disse que tinha passado os últimos meses na cama de um tipo que está para casar. Porquê? – questionei. Não sei – respondeu-me – gosto dele.
E porque nós, mulheres, viramo-nos sempre umas contra as outras, deixem-me que vos diga uma coisa. A última pessoa a ter a culpa é a outra. Muitas vezes somos levadas por uma paixão irracional. Deixamos de pensar direito. Não vemos as coisas como elas são. E acreditamos nas juras piedosas que nos fazem. Foi preciso passar por isso para perceber que a culpa é sempre, sempre deles. Porque enganam duas pessoas. E porque são responsáveis por alimentar uma paixão que não pretendem corresponder.
Uma das coisas que aprendi é muito simples: eles não são o melhor que vão conhecer na vida. Parece – porque estão a viver há demasiado tempo nessa bolha de actimel. Mas não são. Então, porque aceitam estar com um homem que vive uma vida com outra pessoa e vos guarda apenas horas fugazes do seu dia?
Não há uma relação directa entre um homem e a solidão. Ou ele ou a solidão. NÃO! Por isso, parem de aceitar um tipo que não está a 100% na vossa vida e que tem um armário cheio de esqueletos. Parem de lhe dar desculpas. Parem de aprovar a sua inconsistência. Parem de se convencerem que ele gosta de vocês. Até pode gostar, mas não gosta o suficiente para mudar a vida dele por esse amor. Parem de dizer que são importantes na vida dele. Ele é que devia estar a dizer isso. Todos os dias e a todas as horas. E parem de confiar que ele vai mudar.
Porque ele nunca vai mudar. Nunca.
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