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  • Foto do escritorHelena Magalhães

O AMOR É OUTRA COISA #47 O status idiota da mulher desesperada


Já tive conversas intermináveis e intensas com uma margarita na mão, com um chá quente ao fim do dia, sentada no carro às duas da manhã, deitada na praia às sete da tarde, à mesa de jantar no meio de garfadas, ao telefone deitada na cama. E todas sobre um único assunto, adivinhem lá… o amor. Que imprevisível, eu sei. 

Qual a quantidade de vezes que nos podemos apaixonar na vida?

Ele está em todo o lado. Todos o procuramos. Metade de nós não o acha. E 1/2 dessa metade vive às turras com o outro 1/2. Que é como quem diz, andamos todos desencontrados. Este fim-de-semana, uma amiga dizia-me: Lena estou sozinha há seis meses, há dias que já não sei o que faça. E eu respondi: estou há mais de um ano, tenho um sqweel que te posso emprestar. E para quem não sabe o que é, vou simplificar: um simulador de línguas (que um ex-namorado me deu, obrigada).


Nós rimo-nos e continuámos na conversa. Mas este é um dos grandes pesos que os solteiros carregam em cima dos ombros: o tempo que passa sem nada se passar. Às vezes digo, em brincadeiras, que, se calhar, já esgotei todas as vezes que me podia apaixonar. É como se tivesse nascido com um cartão – tipo aqueles que dão nas discotecas com o número de bebidas que se podem beber – e à medida que me fui apaixonando, cada ficha foi sendo riscada. Só aí até aos 18 anos, devo ter logo riscado umas dez que eu fui uma adolescente muito intensa. É por isso que, hoje em dia, conheço tantos tipos e todos me parecem desinteressantes. 

Se sofro horrores? Claro que não. Vou saindo com uns, estando com outros. Mas quando percebo que não é realmente aquilo que quero, salto imediatamente fora. Sem medo, coloco aquela que penso ser a minha melhor característica em prática – a honestidade. E explico o que não estou a sentir. E volto à estaca zero: o estar sozinha.

O medo de parecermos desesperadas

E é exactamente este medo que nos leva tantas, tantas vezes a contentar com menos do que aquilo que queremos. Somos ensinados – na verdade, somos mesmo cerebralmente lavados – a não mostrar que estamos desesperados. Mas questiono-me qual é que é a grande vergonha de se assumir que se quer encontrar alguém.

Não querem? Eu quero. Acho que ninguém quer viver sozinho para o resto da vida em celibato emocional. Não digo físico porque isso é fácil de resolver. Mas toda a sociedade e cultura popular nos vendem a ideia estúpida de que um homem só se apaixona quando encontra uma mulher que não o quer, difícil de conquistar e que, simplesmente, não está desesperada. É exactamente por isso que andamos todos equivocadamente às aranhas, perdidos na ânsia de encontrar alguém que não queira ser encontrado.

Os homens querem tanto ser encontrados quanto nós de encontrar. E mostrar que se quer realmente encontrar o bicho-papão do amor não significa que sejamos psicopatas angustiadas. Temos de parar de ter vergonha de assumir que estamos no Tinder ou no Happn, temos de parar de ter medo de dar o primeiro passo para convidar alguém a sair connosco e temos de parar de ter medo de dizer o que sentimos e o que queremos. Porque este estigma afecta-nos a todos e viver na sua sombra só nos vai fazer contentar com alguém que nem sequer nos faz levantar os pelos do braço. Mas, hey, era pior continuar sozinho certo? Não, claro que não.

O horroroso status de se estar solteiro

O tempo de espera pode ser realmente desesperante – quer dure seis menos ou dois anos. Mas a sensação de se conhecer alguém que vira o nosso mundo de pernas para o ar e nos faz literalmente caminhar nas nuvens é única. Não a coloquem de lado na pressa de sair do horroroso status de solteiro. Não se contentem com o quase-perfeito porque o perfeito está a demorar a chegar.

Aceitarem estar numa relação de amigos coloridos com um tipo com medo de parecerem desesperadas se lhe disserem que querem estar com ele, só vos vai fazer perder tempo com alguém que, na verdade, não quer estar convosco. Vão contentar-se com isso porquê? Durante todo esse tempo em que estão a aceitar estar numa não-relação, estão a perder dezenas de oportunidades com pessoas que podem realmente valer a pena.

Uma vez, um tipo disse-me que não tinha tempo para uma relação mas que podíamos continuar a sair. Trocando por miúdos, podíamos continuar a – perdoem-me – foder. E durante um tempo, acreditei realmente que ele ia ver como nós funcionávamos tão bem. Deixem-me que vos diga uma coisa: se um tipo vos diz isto, ele está a dizer a verdade. E é das raras vezes em que o vai fazer. Por isso, peguem nos vossos tarecos e partam para outra. 

Vão procurar o amor em sítios onde ele queira ser encontrado.

© 2019-2023 Helena Magalhães. Todos os Direitos Reservados.

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