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Foto do escritorHelena Magalhães

Porque é que não conseguimos ter paz com o nosso corpo? o caso Kristina Bazan e a obsessão pelo phot


Vivemos tão universalmente expostos que, hoje em dia, se tornou mais importante estarmos bem para os que não nos conhecem, e nos vêem através da internet, do que para aqueles que realmente estão connosco todos os dias. E para nós próprias, lá está. Esta obsessão em vender uma imagem que corresponda ao protótipo daquilo que vemos nos outros é assustador porque nem nos apercebemos que idealizamos imagens falsas.

Se há uma coisa que eu assisto todos os dias, já que trabalho com blogs, com outras mulheres e com fotografia, é a necessidade do photoshop. Todos queremos esconder qualquer coisa. Aliás, todos queremos emagrecer, emagrecer, emagrecer. E eu, que passei a vida com o mantra “temos de nos aceitar como somos” apercebo-me todos os dias que ainda temos um loooongo caminho por percorrer até conseguirmos estar em paz com o nosso corpo. 

Conheço mulheres que são magras e já fizeram lipoaspiraçoes. E eu questiono-me que médico é que faz uma lipoaspiração a uma mulher que veste o 34 ou 36. Há trabalho médico a fazer, claro que há, mas é mais interior que exterior. E não pensem que sou daquelas excêntricas ‘vou aceitar o que a natureza me deu‘. Claro que também trabalho o corpo e a mente. Eu faço exercício, eu alimento-me bem, eu procuro uma imagem exterior que reflicta a forma como me sinto no interior. E claro que também há coisas em mim que não gosto, também tenho celulite e também gostava de ter umas pernas mais magras e longas mas já há muitos anos que fiz as pazes com o meu corpo. 

O caso Kristina Bazan fascina-me por vários motivos. Provavelmente toda a gente deste universo online conhece a Kristina, certo? Uma simples blogger de uma terriola na Suíça que se tornou uma das mulheres mais conhecidas na internet. E o que me fascina foi como ela passou de uma simples rapariga que se fotografava normalmente, para uma blogger que faz editoriais de moda diários com toda uma equipa que trabalha com ela. E o photoshop passou a ser o seu melhor amigo. Eu nunca me tinha apercebido como o corpo dela é transformado até ter visto estas imagens que começaram a circular na internet esta semana. Enquanto passeava em L.A, um paparazzi tirou-lhe umas fotos (a da direita, na foto) e colocou-as online. E ela foi apedrejada de comentários negativos. O que se vê não tem naaaaada a ver com a mulher que se vê no blog dela diariamente. E assusta-me que a Kristina, com um público de milhões de seguidores, a maioria deles mulheres e jovens raparigas, tenha esta necessidade de se vender com menos 5 ou 6 kg e 2 tamanhos abaixo daquilo que ela realmente é. A imagem de modelo super magra que ela vende no seu blog é, afinal, uma imagem falsa e manipulada. E como é que uma rapariga como a Kristina quer ser um role model, como já afirmou várias  vezes, se ela própria não se aceita como é e vende uma imagem falsa daquilo que prega às outras raparigas?

Este é o claro exemplo de como aspiramos a ser como mulheres que também não são assim. É preciso mais realidade, é preciso gostarmos mais de nós, é preciso vermo-nos com outros olhos e é preciso que mais mulheres dêem a cara, e o corpo, para passar mensagens positivas.

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